Hoje eu moro sozinha, e as poucas fotos que tenho em casa – todas bem recentes – estão penduradas na porta da geladeira. Na casa de minha mãe nunca tivemos muitos porta retratos, quadros ou álbuns. E eu que não tenho móveis de apoio, me apoiei na geladeira e fiz dela o meu mural. Todos os dias antes de abri-la, eu vejo nela algumas boas lembranças e tenho vontade de agregar mais. É, acho que viver longe da minha mãe me deixou muito sentimentalóide...
Minha aproximação maior da fotografia é recente e graças à digitalização. A primeira câmera digital que usei foi pra fotografar meus 18 anos e utilizava disquetes – pasmem – como forma de armazenamento (imaginem o tamanho!). Mas meu pai, fã das novas tecnologias, logo adquiriu uma máquina mais compacta e eu saí por aí fotografando tudo o que eu queria e podia. Daí vieram as redes sociais a e a possibilidade de colocar tudo on line. Sempre fui muito seletiva em meus álbuns – mesmo no meio virtual, sou uma pessoa de poucas fotos.
A prática de Jazz Dance foi outro fator que fez eu me apegar mais à fotografia. Queria lembranças e clicks de tudo... cada apresentação, cada pirueta, e de cada um dos maravilhosos amigos que fiz dançando! E lá conheci pessoas aficionadas por fotografia, com seus numerosos álbuns de dança e suas máquinas ainda analógicas que as forçava a revelar os filmes. Tive ainda o grande prazer de ver florescer o talento de Milena, que hoje fotografa como profissional apesar de seus 17 anos.
Das fotos antigas tenho pouco pra contar. Queria que existissem muitas mais. As poucas dezenas de fotografias mais antigas que temos em casa são fruto de meu esforço em reunir, e estão em uma caixa de papelão. Não sei dizer bem quem fotografava, mas com certeza não eram meus pais e não era nenhum profissional. Lembro de câmeras alheias e gente estranha fazendo o favor de fotografar, pois meus pais não tinham máquina fotográfica. Acho que pra um casal recém juntado e de condições financeiras limitadas, ter uma câmera era um luxo desnecessário. Mas eles fizeram esforço em registrar os meus momentos pequena! Tenho as fotos do meu nascimento, batizado, 5 anos, fotos na escola... faltou dinheiro pra máquina, mas sobrou amor!
Neurose com fotografia e preocupação com técnica e estética só tiveram vez depois de Caio Braga. Graças a ele, tive noção de que existe enquadramento, foto estourada, foto contraluz, desfoque do fundo, regra dos terços, com flash, sem flash, e tudo isso muito antes de eu ingressar no curso de jornalismo... Por uma lado, fiquei ansiosa em aprender todas essas coisinhas que ele já sabe e que torna as fotos dele tão melhores que as minhas. Por outro lado, adquiri um medo terrível de fotografar, da minha falta de talento sair gritando por aí... Daí sinto falta das minhas fotografias de família. Todas despretensiosas, despreocupadas e pitorescamente belas. A estética da foto dava lugar ao registro simples dos olhares, dos sorrisos, das pessoas, de cada instante. Mas, acho que não precisa ser profissional pra eternizar o momento numa foto e torná-lo lindo... ou precisa?
Gostei muito da forma como você montou seu texto. Como de uma forma tímida a fotografia entrou na sua vida e, agora, como ela é essencial para a mesma. Parabéns!
ResponderExcluirCaio é ridículo. Relaxe, Céu! Daqui a uns dias suas fotos estarão melhores que as dele...
ResponderExcluirMuito bom texto.
"Mas, acho que não precisa ser profissional pra eternizar o momento numa foto e torná-lo lindo... ou precisa?" Claro que não! Basta ser profissional no amor! Sem más interpretações... kkkkkk Adorei seu texto! E sua geladeira/mural :)
ResponderExcluirBeijos!!